domingo, 24 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Informação - Trabalhos de Reflexão
Os trabalhos de reflexão final devem ser enviados pelo correio ou através do endereço electrónico cfjulioresende@mail.telepac.pt até ao dia 16 de Outubro de 2010.
Para o esclarecimento de qualquer dúvida ou para qualquer outra informação relacionada com a avaliação, por favor contacte
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Convite
Esta conferência, que se realizará nas instalações da Escola Dramática de Valbom, encerrará o Ciclo “[RE]ENCONTROS COM a REPÚBLICAque iniciámos no dia 10 de Abril no âmbito das comemorações do centenário da implantação da República em Portugal.
Esta iniciativa terá ainda a participação do Grupo Musical Canto Décimo e da Orquestra Ligeira de S. Pedro da Cova que interpretarão os seguintes temas
Hino da Carta, da autoria de D. Pedro IV (a cappella)
Hino da Maria da Fonte: Frondoni/Midosi (com orquestra)
Canto do Livre: F. Lopes-Graça/S. de Passos (com orquestra)
A Portuguesa (com orquestra)
Belmiro Ribeiro
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Alteração de local
Informamos que a Conferência “A I República em Gondomar” da Professora Maria de Fátima Gomes, integrada no Ciclo de Conferências [RE]ENCONTROS COM A REPÚBLICA” se realizará no próximo sábado, dia 18 de Setembro, pelas 10.00 mas no Auditório Municipal de Gondomar
Com os melhores cumprimentos
O Director do Centro de Formação Júlio Resende
terça-feira, 14 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Próxima Conferência
ALTERAÇÃO DE LOCAL
Auditório Municipal de Gondomar
“A republicanização do espaço rural”
Manuel Dias
Docente da Escola Secundária de Rio Tinto
domingo, 13 de junho de 2010
DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO:
sexta-feira, 11 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Arthur Carlos de Barros Basto
Mais tarde, despojado do seu cargo é perseguido pelos seus ideais democráticos e republicanos e pelas suas crenças religiosas. Está a correr uma petição para que este capitão seja reabilitado pela república portuguesa. Era um gesto bonito no centenário na sua implantação, não?
Se concordar pode ir a http://comunidade-israelita-porto.org/ e assinar a petição.
Maria de Fátima Gomes
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Alteração no Programa do Ciclo de Conferências
segunda-feira, 24 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO - II
(Continuação)
Em termos económicos, a agricultura era, nesta altura, a principal actividade. Dada a desproporção entre a produção, sobretudo cerealífera, e o consumo(1) , que constituiu a principal preocupação dos pensadores económicos e dos políticos, foi, desde cedo, necessário o recurso à importação de cereais, prática que nos anos de guerra, devido em última análise às dificuldades de transporte, conheceu algumas dificuldades que fizeram com que algumas cidades conhecessem a ameaça da fome, sendo certo que a este facto também não foram alheias as más colheitas. No pós-guerra os governos chegaram mesmo a importar cereais que eram vendidos aos panificadores a preço inferior ao de custo.
Assim, vários foram os economistas e os políticos que, sobretudo depois da guerra, se debruçaram sobre a questão da agricultura, reconhecendo todos que a necessidade de aumento da produção e da fixação da população nos campos passava por uma reflexão em torno do regime de propriedade (2) . De entre todos salienta-se Ezequiel de Campos que, durante o governo de José Domingues dos Santos (1925), apresentou, embora não tenha chegado à discussão parlamentar, um projecto de reforma agrária em que era proposta a expropriação de terrenos incultos para que se constituíssem em propriedades familiares que pudessem suprir à sua subsistência desafogada (3) . Contudo nenhum dos governos da Primeira República conseguiu pôr em prática um projecto de reforma agrária, pelo que nem o regime de propriedade nem a produtividade agrícola sofreram qualquer alteração.
A carestia de vida, que tinha sido um importante tema da propaganda republicana e tinha convocado a adesão das classes médias e operárias, foi outra das “batalhas” perdidas. A nova moeda nunca foi estável e a inflação foi, ao longo de todo este período, uma constante, assumindo durante a guerra proporções até então nunca vistas.
As crises internacionais também afectavam o sector financeiro, de tal forma que foram várias as falências bancárias que se registaram nos cinco anos que antecederam o 28 de Maio, muito embora uma boa parte desses bancos tenha surgido das actividades especulativas associadas à guerra. Esta situação levou o governo de José Domingues dos Santos a publicar uma lei de reestruturação do sector bancário que motivou a oposição dos partidos da direita e da alta burguesia. É neste contexto que se enquadra o caso da falsificação das notas de 500$00 de Alves dos Reis, que, apesar de tudo, contribuiu mais para o desprestígio do regime do que para afectar a estrutura financeira do país.
Gradualmente as classes operárias e as classes médias, não vendo melhoradas as suas condições de vida ou goradas as suas expectativas vão-se divorciando do regime republicano para engrossarem os grupos socialistas e anarquistas. Por outro lado, a alta burguesia agrícola, industrial, comercial e financeira, sentindo necessidade de se unir, fundara, em 1924, a União dos Interesses Económicos (4) que, em linhas gerais, reclama contra a política tributária, o excessivo estatismo da economia e a falta de proteccionismo da indústria e da agricultura, ao mesmo tempo que propugna um papel mais activo dos interesses patronais na definição das decisões em matéria fiscal, e uma conciliação entre o trabalho e o capital que anunciava já a doutrina corporativa do Estado Novo.
As relações entre o governo e as oposições partidárias ou classistas agravaram-se ainda mais com a chamada “Questão dos Tabacos” (5). Esta questão assumiu tal importância que na Seara Nova, num texto do nº89 de 27/V/26, intitulado «A Crise Política», se escrevia o seguinte: «Parece-nos bem claro o desenlace de semanas seguidas de esterilidade tumultuosa num parlamento já com péssimas tradições: prepara-se, inglória e lastimosamente, mais uma revolução ou pronunciamento, venha da esquerda, da direita, dos partidos ou do exército. Se o governo dominar o movimento (...) impõe-se a dissolução, com eleições tendo por plataforma essencial a questão dos tabacos» (6).
NOTAS:
(1) No primeiro quartel do século XX, apesar da área cultivada não ter sofrido alterações significativas, registou-se um ligeiro aumento da produção de cereais. Contudo, dado o crescimento demográfico e o aumento da concentração populacional, sobretudo na cidade de Lisboa, esse aumento não se revelou suficiente.
(2) Relativamente às características da propriedade nacional, encontramos no Alentejo o predomínio do latifúndio, geralmente subaproveitado. No Norte domina a pequena propriedade que, devido à legislação do século XIX, sofreu um aumento do parcelamento que inviabilizava qualquer tentativa de reforma dos sistemas de produção, pelo que o baixo rendimento constituiu um forte estímulo à emigração. Numa e noutra região a ausência dos proprietários era uma constante.
(3) As propostas de Ezequiel de Campos, que no essencial já aparecem expressas no artigo «O Problema Português», no nº 1 da Seara Nova (15/X/21), seguem de perto as de Basílio Teles que, alguns anos antes, havia já proposto uma modificação da propriedade alentejana, substituindo o latifúndio pela propriedade reduzida com o triplo objectivo de fixar a população, intensificar a produção e criar uma burguesia rural com a consequente diminuição do operariado campesino.
(4) António José Telo (cf. «As Associações Patronais e o Fim da República», AAVV, O Fascismo em Portugal, Lisboa, A Regra do Jogo, 1982, pp.317-340.) refere que os anos de 1916-1917, devido à actividade comercial decorrente da guerra, conheceram o aparecimento de fortunas rápidas e de uma classe de novos ricos que vão engrossar as associações patronais que, ultrapassando as funções de esclarecimento aos sócios em questões legais ou técnicas, passam a ter um papel mais activo na vida política e legislativa do país. Por outro lado, a economia de guerra, que terá também aumentado a frequência de movimentos reivindicativos dos operários, conduziu a necessidade de união e organização dos interesses patronais. Contudo, só a partir de 1923, com o agravamento da política tributária que afectava sobretudo o sector comercial, é que o regime republicano é posto em causa.
(5) Em 30 de Abril de 1926, face ao termo da concessão do monopólio do fabrico dos tabacos, o governo propôs que a actividade fabril e comercial passasse a ser um serviço do Estado. Ainda que 70% dos capitais da Companhia dos Tabacos pertencesse a franceses, a questão acabou por ultrapassar os interesses nacionais privados e directos e generalizou-se dando origem a uma luta que congregou as forças da direita, pugnando pela defesa da livre iniciativa económica, e da esquerda que defendiam que o monopólio estatal contribuiria para aumentar ainda mais a corrupção na administração.
(6) Sottomayor Cardia (Org. de), Seara Nova-Antologia, vol. I: Pela Reforma da República 1921-1926, Lisboa, Seara Nova, 1971, p.221.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Conferência - A literatura e as artes plásticas no período da 1ª República
Assim sendo, a conferência, prevista para o Museu Amadeu de Souza Cardoso, realizar-se-á no Auditório da Cozinha dos Frades, contíguo ao museu. Após a conferência, far-se-á como inicialmente previsto, uma visita guiada ao museu orientada pelos conferencistas.
Também nos vimos obrigados a alterar o horário. A conferência terá o seu início às 14.45, dando assim oportunidade aos participantes que decidam ir de manhã, de visitarem a cidade e os seus arredores, com destaque para a casa museu Teixeira Pascoaes.
Apoios:
Câmara Municipal de Amarante
Museu Amadeu de Souza Cardoso
segunda-feira, 26 de abril de 2010
DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO - I
sexta-feira, 23 de abril de 2010
A "RENASCENÇA PORTUGUESA" E A EDUCAÇÃO
terça-feira, 20 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 nº 1
a proporcionar aos formandos um contacto rápido e simples
com alguns documentos referenciais que respeitam ao
período histórico em torno do qual se organiza o ciclo
de conferências. A sua larga maioria pode ser encontrada
na Biblioteca Nacional Digital, na Torre doTombo ou na
Hemeroteca Digital.
domingo, 18 de abril de 2010
Avaliação dos Formandos
Apresentação Powerpoint da 2ª conferência
sábado, 17 de abril de 2010
A propósito de Brito Camacho
Eleito deputado pelo círculo de Beja, nas eleições que se realizaram a 5 de Abril de 1908, falou pela primeira vez na Câmara de Deputados a 9 de Maio, protestando contra o facto de o terem obrigado, como deputado, a jurar ter uma religião que não professava e a ser fiel a uma instituição que combatia;
Desempenhou o papel que a História lhe exigia, no movimento insurreccional, que implantou a República, pois terá sido de enorme importância graças às suas relações com o chefe militar, o almirante Cândido dos Reis, e às amizades que contava entre a oficialidade do Exército e da Armada.
Depois de proclamada a República, continuou a ocupar o seu lugar no Parlamento, eleito pelo círculo de Aljustrel, onde terá nascido a História da Praia. Magnífica aliás, pois revela a tentativa eterna de aproveitamento político e diz-se ainda que Brito Camacho, perguntou maliciosamente se, para além daquilo tudo, não quereriam também uma praia lá para a terra. A comissão de notáveis, empolgada com a abertura do governante, ripostou de imediato: “arranje então lá a água, que a areia arranjamos nós! “.Extraordinário. (in Alentejananto.weblog)
A imagem não é obviamente de Messejana, mas antes Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil.
Bom fim-de-semana
Imagens das primeiras décadas no flickr
Se andamos à procura de uma imagem, às vezes mesmo uma relíquia, começamos pelo flickr. O Flickr é considerado um dos componentes mais exemplares daquilo que ficou conhecido como Web 2.0, devido ao nível de interactividade permitido aos utilizadores.
Veja-se esta galeria do utilizador Gatochy, com imagens da Ilustração portuguesa mais de 1700 ilustrações.
A apresentação seguinte mostra uma pequeníssima parte da colecção da década de 1910.
Sobre Portugal são 31 álbuns, desde a Ilustração Portuguesa, Portugal na Primeira Guerra Mundial, O século ilustrado, Portugal séc. XX Crónicas em imagens décadas de 1950 e 60, e muito mais.
Claro que para se aproveitar a potencialidade do serviço flickr tem de se estar registado (gratuitamente) e depois é só partilhar. Foi o que fez Belmiro Ribeiro ao enviar-nos estas três imagens que agora partilhamos aqui:
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Histórias da História da Primeira República - Notas de Viagem de Brito Camacho
Lembrei-me deste livro que comprei num alfarrabista, há uns anos largos atrás. São notas de viagem por terras de França de Brito Camacho.
Conta-se que um dia, alguns seus conterrâneos, sabendo que tinam um ilustre deputado da nação em Lisboa, se encheram de esperança que este pudesse trazer algum desenvolvimento à terra. Um dia, reuniu-se um par de gente humilde escolhida pela aldeia, e deu-se-lhes salvo-conduto para porem pés a caminho e intercederem junto de Brito Camacho .
Este recebeu-os com uma afabilidade austera, como era seu timbre. Findos os cumprimentos da praxe, perguntou-lhes ao que iam e eles, com a vergonha dos homens resignadamente simples, explicaram-lhe a razão da sua presença e de tão longa viagem: Messejana necessitava de se desenvolver, de algo que a diferenciasse das outras terras vizinhas mas para melhor. Brito Camacho ouviu-os atentamente, provavelmente enrolando as pontas do seu bigode, e perguntou-lhes: - Mas afinal o que querem vocês? O que acham que ficava lá bem em Messejana?
As carências eram tantas e afogados por aquela presença que os diminuía ainda mais, balbuciaram: - Vossa Excelência saberá melhor do que nós.
O deputado respondeu de pronto com uma pergunta: - Muito bem, e o que dizem a uma praia igual à de Zambujeira?
Eles entreolharam-se. Eles nem nunca tinham visto o mar mas uma praia igual à de Zambujeira iria transformar completamente a terra! Outras pessoas viriam. Fidalgos talvez. E poderiam pescar, até.
-Pois então porque não? Se V. Ex.ª acha que será bom para nós, só temos de concordar.
Brito Camacho levantou-se e sentenciou: -Pois então vou já tratar de mandar lá pôr uma praia. Dêem a notícia lá na terra e apresentem com os meus cumprimentos a todos.
- O Senhor Doutor Brito Camacho vai trazer uma praia para Messejana.
E desde aí, até aos tempos de hoje, muitos são os que passam em Messejana, e conhecedores desta história, param para perguntar: Sabe dizer-me o caminho para a praia de Messejana?
1ª REPÚBLICA - BIBLIOGRAFIA GERAL
BAPTISTA , Jacinto, O 5 de Outubro, Círculo de Leitores, 1983.
BARREIRA, Cecília – História das nossas avós: retrato da burguesa em Lisboa 1890-1930, Círculo de leitores, 1992
CABRAL, Manuel Villaverde, Portugal na alvorada do século XX, Forças Sociais, poder crescimento económico de 1890 a 1914, Ed. Presença, Lisboa, 1988.
CATROGA, Fernando & Paulo Archer de CARVALHO, Sociedade e Cultura Portuguesa II, Univ. Aberta, Lisboa 1996.
FRANÇA, José Augusto – A arte em Portugal no século XX, Bertrand, Lisboa 1985.
FRANÇA, José Augusto – A arte e a sociedade portuguesa no século XX (1910-1990), Horizonte, Lisboa 1990.
FRANÇA, José Augusto – Os anos vinte em Portugal, Lisboa 1993.
FRANÇA, José Augusto – (In)definições de cultura: textos de cultura e história, artes e letras, Presença, Lisboa 1997.
MATTOSO, José, História de Portugal, 5º e 6º vol, Círculo de Leitores, 1994
MEDINA, João – História Contemporânea de Portugal, 2 vols., Lisboa 1986.
MENDES, João, Literatura Portuguesa, vol. IV, Ed. Verbo, Lisboa, 1983.
PEREIRA, Paulo (dir), História da Arte Portuguesa, vol. 9, A Ruptura Moderna ( século XX), Círculo de Leitores, Rio de Mouro, 2008.
REGO, Raúl, História da República, Círculo fe Leitores, 1986, 5 vols.
REIS António, (dir), Portugal Contemporâneo, vol. 2 e 3 , Lisboa, Alfa, 1990.
RODRIGUES, Paulo Madeira, Tesouros da caricatura Portuguesa, 1856-1928, Círculo de Leitores, 1979.
ROSAS, Fernando (coord), História da Primeira República Portuguesa, Tinta da China, Lisboa, 2010.
SARAIVA, António José, LOPES, Óscar, História da Literatura Portuguesa, Porto, Porto Editora, 1976.
SERRÃO, Joel, MARQUES, A.H. de Oliveira, (coord), Nova História de Portugal, vol. XI - Portugal - Da Monarquia para a República (coord. A. H. de Oliveira Marques), Editorial Presença, Lisboa, 1991.
SERRÃO, Joel, (dir), Dicionário da História de Portugal, Livraria Figueirinhas, Porto.
VALENTE, Pulido, O poder e o Povo: a Revolução de 1910, Lisboa 1976
VENTURA, António, Os postais da primeira república, Álbuns República, Tinta da China, Lisboa, 2010.
VIEIRA, Joaquim, Portugal Século XX – Crónica em imagens – 1910-1920 e 1920-30 , 2 vols, Círculo de Leitores, 1999.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
PORQUE VENCEU E PORQUE SE PERDEU A I REPÚBLICA - APRECIAÇÃO PESSOAL
Fernando Rosas brindou-nos com a sua presença plena de sabedoria empática , respeito pelo outro e afirmação da sua própria experiência, três ingredientes que nos fizeram crescer no dia 10 de Abril nos (Re) Encontros com a República, organizados pelo Centro de Formação Júlio Resende, no Auditório de Gondomar.
Segundo Fernando Rosas, a vitória da 1ª República deve ser analisada no contexto de modernização portuguesa e europeia que marca o final do século XIX, num plano político internacional caracterizado pelo sistema liberal oligárquico, subsidiário das revoluções liberais, que começa a entrar em crise, já que o quadro geral é de mudança.
A industrialização do século XIX leva o operariado às cidades que se constituem em massas reivindicativas sem direito a voto. Estes, em larga maioria muitos analfabetos, constituem as primeiras associações de classe e integram o recém-formado Partido Socialista.
Ao mesmo tempo a terciarização da vida urbana, com a criação de bancos, seguradoras, empresas de import-export, das novas indústrias de ponta: a construção civil, os transportes urbanos, os telefones, o telégrafo, a iluminação pública, o gás de cidade, dá origem a todo um conjunto de categorias sócio profissionais novas. Esta classe média urbana, onde aparecem a diversificar o tecido social, os engenheiros, arquitectos, médicos, empregados de escritório e amanuenses, mas também caixeiros, marçanos, moços de recados, pequenos funcionários e modestos empregados, vendedores ambulantes, sargentos e cabos das Forças Armadas que pouco se distinguem dos operários, requerem um novo estatuto político.
O rotativismo entre o partido regenerador e o progressista, com o rei a deter o poder moderador não responde às aspirações mais prementes desta massa social.
Em 1876, num jantar, constitui-se o Partido Republicano, que vem, depois, a formalizar-se em 1881, agregando um grande número deste bloco social de classe média e operariado descontente.
Com efeito, o sistema monárquico não responde a esta nova realidade, onde só votam os homens que sabem ler e escrever e os que pagam censo, logo, apenas, os proprietários.
Na verdade, o exército que se dispersa às primeiras horas da revolução é constituído por este grupo social, ao contrário da Marinha que é mais ilustrada e próxima dos ideais do operariado.
O Partido Republicano agrega diversas tendências - apresenta três vértices – a corrente legalista, reformista.; uma outra ala que apoia e organiza a Revolução – a Carbonária, ramo popular da Maçonaria, e esta mesma, uma associação discreta, formada por grupos mais ilustrados.
Efectivamente a Carbonária, fundada em 1895 é a ala plebeia da Maçonaria. Tem origem italiana, e chamam-se, uns aos outros “bons primos”; os irmãos eram os “rachadores” .
É a Carbonária que se impõe como organizadora da revolução.. Na Margem Sul, declarou-se a República logo no dia 4. Na cintura de Lisboa, a Carbonária toma o poder de véspera, sem nenhuma dificuldade. Em Lisboa é que há resistência, já que é onde está o rei e as Forças Armadas. É a esta organização que obriga o Partido Republicano a ir para a revolução! É a Carbonária que pressiona o directório.
A Carbonária alcançara, em Junho, o aval da direcção da Maçonaria, a qual nomeou, em meados do mês, uma comissão de resistência a que pertenciam José de Castro (grão-mestre-adjunto), Miguel Bombarda, Machado dos Santos, Francisco Grandela. Esta comissão agrega dois membros do directório: António José de Almeida e Cândido dos Reis. António Maria da Silva, mais tarde.
O directório do PRP deu luz verde à insurreição a 25 de Setembro, ficando Cândido dos Reis como comandante chefe da revolução.
No entanto, Miguel Bombarda foi assassinado fortuitamente a 3 de Outubro, o que desmobilizou a organização, já que estava tudo marcado para a madrugada do dia 4/5 de Outubro, quando fosse disparada uma salva dos cruzadores ancorados no Tejo.
Machado dos Santos sem saber de nada, vai de eléctrico, todo engalanado, continuar com o plano inicial: tomar a Infantaria 16 à uma da madrugada e dirigir-se para a Artilharia 1, juntando-se ao capitão Palla que, também dominava o quartel. Para aqui também se deslocou o capitão Sá Cardoso, às ordens de Cândido dos Reis.
Os dois capitães, pensando que os outros quartéis também estavam amotinados (Infantaria 2; Caçadores 2, Infantaria 5, Caçadores 5) organizaram duas colunas para tomar o Palácio das Necessidades, onde se encontrava o Rei e o Quartel do Carmo. No entanto, em breve, se dão conta que estão sozinhos e perseguidos por forças monárquicas. O plano fracassara no que respeita ao exército.
No entanto, tinham acontecido levantamentos no quartel de marinheiros e em dois cruzadores, o Adamastor e o São Rafael. Mas Cândido dos Reis não conseguira embarcar para bordo do D. Carlos, o navio-almirante, e desta forma não conseguiu dar o sinal combinado à hora marcada, 3 horas da madrugada. Convencido do fracasso da revolução, Cândido dos Reis suicida-se.
Mas, a resistência continua no quartel-general na redacção da Luta. Entretanto, as duas colunas de Palla e Sá Carneiro, impossibilitadas de avançar para os seus objectivos, convergem para o Rato e são forçadas a subir até à Rotunda, onde se encontra com a pequena força de Machado dos Santos.
Às 5 da madrugada está aí entrincheirado o que resta do exército insurrecto.
Quando chega a notícia do suicídio de Cândido dos Reis, Sá Cardoso convoca um Conselho de oficiais e retira-se, com a maioria. Fica, apenas, Machado dos Santos com alguns sargentos e cadetes. Na verdade, segundo Pulido Valente, só ele como membro da direcção da Carbonária teria noção da força dos seus efectivos. São estes membros que ao longo da manhã evitam o estrangulamento da insurreição e estabelecem as comunicações com o Quartel de Marinheiros e a Artilharia 1. Isto permite que ao longo do dia 4 civis e militares rebeldes, fundamentalmente soldados e militares de baixa patente ou alunos da escola do Exército dêem luta. Na tarde desse dia, as forças monárquicas a ocupar o Rossio hesitam antes de atacar a Rotunda. O fogo da Rotunda, cruzado com o da Artilharia 1 explica que tal ataque não tenha resultado. Depois de um reforço no quartel de munições, dirigindo-se ao Terreiro do Paço, ocupam posições nas costas do exército monárquico. A iminência de um desembarque em massa, inverteu as posições. O rei fugiu de Lisboa para Mafra e daqui para a Ericeira e depois para Gibraltar e Inglaterra.
Às 22 horas, o próprio navio D. Carlos cai nas mãos dos republicanos.
Ao longo da madrugada as forças monárquicas vão-se rendendo.
Às 8 da manhã, a população ao ver a bandeira branca hasteada no Rossio, interpreta mal o seu significado, crê consumada a capitulação monárquica e invade toda a baixa lisboeta, inviabilizando qualquer reacção. A artilharia monárquica mostrou-se inoperante. Apenas, Paiva Couceiro resistiu e procurou desalojar, em vão, os homens da Rotunda.
Na província, como previra João Chagas, a República, foi implantada por telégrafo. Não se registou resistência significativa.
Se a proclamação da República foi fácil, não o foi a democratização do sistema político, nem a resolução da questão social, o que levou ao descontentamento e ao descrédito da classe política, começando a vingar a crença que só um governo forte e monolítico salvaria a situação.
Efectivamente, a República comete quatro erros fatais:
1 – A questão política e institucional – reproduz as questões monárquicas; a não democratização do sistema político, a não criação do sufrágio universal, a mão concessão de voto aos analfabetos (com a justificação de que a ruralidade seria mais permeável ao caciquismo dos políticos); a não concessão do voto às mulheres, (com a justificação de que o mulherio seria mais permeável ao caciquismo dos padres).
2 – A Igreja era o esteio ideológico do antigo regime, mas a Lei da Separação da Igreja do Estado, sobretudo a expropriação exagerada e a intrusão nas nomeações dos cargos religiosos e publicações e a supressão de práticas populares vão ser uma grande machada de impopularidade, mobilizando o mundo rural contra a República.
3 – A traição das promessas feitas ao movimentos operário. Afonso Costa era conhecido como “racha-sindicalistas”. A regulamentação da Lei da greve que não permitia os piquetes e simultaneamente, permitia o lock-out. Por fim, a inauguração de alguns métodos repressivos, depois retomados pelo Estado Novo, como a perseguição e deportação de activistas sindicais; a supressão e jornais, enquanto a Lei das oito horas de trabalho; dos Seguros Sociais e dos Bairros operários não foram conseguidos.
4- A espantosa aventura da participação de Portugal na 1ª Grande Guerra que criou a impopularidade na população sujeita à incompreensão da necessidade da sua participação numa guerra que não era sua; a crise económica consequente, a fome e a doença.
No entanto, a 1ª República deixou uma esperança de liberdade e de modernização económica, social e das instituições. É evidente que uma esperança , em larga medida por cumprir. Deixou-nos a herança da Revolução Francesa, da igualdade, da fraternidade e da democracia. Estes valores republicanos foram restituídos pela Revolução do 25 de Abril, com um novo impulso e uma nova vida. Nesse sentido, a 1ªRepública é um começo com o qual temos de aprender.
No entanto, o momento que mais me marcou na conferência foi, sem dúvida, aquele em que o historiador faz a leitura da sua própria história pessoal, ouvida à mesa, contada pelo avô, que lhe falava das “formigas”, os conspiradores, designação que ele nem ousava perguntar o significado, ou então a sua participação, ainda no Liceu, na 1ª manifestação contra a ditadura, em que se gritava “viva a república!” É a” história ao vivo”, “que faz doer”, no dizer de Marc Ferro, agora já caldeada pelo tempo que lhe deu a dimensão de necessidade de resistir e arvorar os ideais democráticos!
Apresentação do Blog
Esperemos que o Blog seja visitado pela comunidade educativa do nosso concelho e pelos curiosos da Web em geral.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O Hino - A Portuguesa
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Hino Nacional
Os antecedentes Históricos do Hino
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Reencontros com a República
A actividade do nosso Centro de Formação tem procurado pautar-se pela busca colectiva de sentidos diversos e diversificados para a formação contínua de professores. Sentidos que procurem novo conhecimento, que envolvam diversos formatos e interlocutores e que conjuguem as necessidades e o esforço de toda a comunidade educativa gondomarense que servimos. É neste sentido que temos vindo a constituir Grupos Consultivos de Docentes das diversas áreas disciplinares.
O Ciclo de Conferências “[Re]Encontros com a República” surge como o primeiro produto de um trabalho verdadeiramente cooperativo do Grupo Consultivo de História do Centro de Formação Júlio Resende, formado pelos docentes Maria de Fátima Gomes, da Escola Básica de Gondomar, Jorge Guimarães da Escola Básica de Rio Tinto, Antonino Jorge e Alberto Figueiredo da Escola Secundária de Rio Tinto e Armando Oliveira da Escola Secundária de S. Pedro da Cova. Este grupo surgiu de forma quase espontânea - através do nosso convite pessoal ou por indicação das suas próprias escolas em que foi tido em conta o reconhecimento profissional e pessoal de cada um. Unia-os o devotado interesse pelo conhecimento e pela cultura e a ideia de construir formas complementares de formação contínua. Este grupo é a prova do que amiúde vamos afirmando: Gondomar tem um capital humano e uma massa crítica que permite termos a veleidade de construir grandes acontecimentos ao nível da educação.
“[Re]Encontros com a República” é um Ciclo de reflexões e aprofundamento do nosso conhecimento sobre o período da 1ª República. Um período da nossa História que permaneceu, durante muitos anos, encoberto por um manto de esquecimento forçado - a História de Portugal parecia ter acabado na monarquia e a 1ª República aparentemente só servia para justificar o aparecimento do Estado Novo que tinha vindo pôr ordem na desordem republicana. Era como se a partir daí a República tivesse acabado. E, na verdade, os princípios de liberdade e igualdade da República, tal como foram proclamados em 5 de Outubro de 1910, passaram a ser esquecidos e reprimidos até ao dia 25 de Abril de 1974. Cuidamos nós, cidadãos com responsabilidade cívica, que se mantenham vivos esses princípios inspirados na Revolução Francesa, nos movimentos liberais e que se orientavam para objectivos de alargamento das liberdades, da eliminação de privilégios e da instauração de maior justiça social. As ideias claras que possamos ter sobre o nosso passado, ser-nos-ão sempre extremamente valiosas para analisarmos o presente e acautelarmos o futuro.
A escolha do grande tema para este Ciclo de Conferências justifica-se, quer pelo apelo das comemorações nacionais da implementação da República quer pela constatação da maior dificuldade na abordagem da História Contemporânea e da História Local no seio escolar. Foi a partir daí que este grupo elencou um conjunto de temas fortes ligados à 1ª República, para os quais convidou especialistas que nos garantirão um excelente painel de oradores ao longo destas nove conferências (o que nos deixa compreensivelmente orgulhosos).
Fotos da sessão de abertura da primeira conferência "Porque se venceu e porque se perdeu a I República"