domingo, 24 de outubro de 2010

Fotos 9ª sessão

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Informação - Trabalhos de Reflexão


Os trabalhos de reflexão final devem ser enviados pelo correio ou através do endereço electrónico cfjulioresende@mail.telepac.pt até ao dia 16 de Outubro de 2010.


Para o esclarecimento de qualquer dúvida ou para qualquer outra informação relacionada com a avaliação, por favor contacte


jgrepublica@gmail.com ou mfrepublica@mail.telepac.pt

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Convite




O Centro de Formação Júlio Resende vem convidar V. Ex.ª para participar, no próximo sábado, dia 25 de Setembro, pelas 10.00, na Conferência “As transformações culturais na I República - movimentos cívicos e culturais” pela Professora Doutora Conceição Meireles Pereira, docente da Faculdade de Letras da U.P.


Esta conferência, que se realizará nas instalações da Escola Dramática de Valbom, encerrará o Ciclo “[RE]ENCONTROS COM a REPÚBLICAque iniciámos no dia 10 de Abril no âmbito das comemorações do centenário da implantação da República em Portugal.


Esta iniciativa terá ainda a participação do Grupo Musical Canto Décimo e da Orquestra Ligeira de S. Pedro da Cova que interpretarão os seguintes temas


Hino da Carta, da autoria de D. Pedro IV (a cappella)

Hino da Maria da Fonte: Frondoni/Midosi (com orquestra)

Canto do Livre: F. Lopes-Graça/S. de Passos (com orquestra)

A Portuguesa (com orquestra)



O Director

Belmiro Ribeiro

Fotos 8ª sessão

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Alteração de local

Informamos que a Conferência A I República em Gondomar da Professora Maria de Fátima Gomes, integrada no Ciclo de Conferências [RE]ENCONTROS COM A REPÚBLICA” se realizará no próximo sábado, dia 18 de Setembro, pelas 10.00 mas no Auditório Municipal de Gondomar

Com os melhores cumprimentos

O Director do Centro de Formação Júlio Resende

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Fotos 7ª sessão

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Próxima Conferência

11 de Setembro | 10.00

ALTERAÇÃO DE LOCAL


Auditório Municipal de Gondomar

“A republicanização do espaço rural”
Manuel Dias

Docente da Escola Secundária de Rio Tinto

domingo, 13 de junho de 2010

Fotos da 6ª sessão

DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO:

POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE – III
(Continuação)

Jorge Gonçalves Guimarães
4. Sociedade

Na sociedade desta época, ao lado de um estrato da burguesia rica, associada à propriedade fundiária e ao capital financeiro, descobre-se também uma classe média das cidades (Lisboa e Porto), ligada ao comércio, à indústria, às profissões liberais e ao funcionalismo público. Integrava ainda este grupo a maior parte dos oficiais não superiores do exército e da marinha, bem como um conjunto de pequenos e médios proprietários rurais. As suas ambições eram, naturalmente, ascender a um cargo na governação política e económica do país, tendo sido ele, juntamente com o proletariado rural e urbano(1), o grande autor da República. Contudo, instaurada a República, foi sobretudo a alta classe média que ocupou a maioria dos cargos e tratou de defender os seus interesses, situação que esclarece o fosso que se viria a cavar relativamente às classes populares bem como a acesa oposição da burguesia rica.

As cidades de Lisboa e Porto contavam com um núcleo de operários fabris(2) que, por ser reduzido, não tinha grande consciência de classe, muito embora tenha, desde o último quartel do século XIX, por recurso ao movimento grevista, manifestado as suas reivindicações essencialmente por questões salariais ou de horário de trabalho, se bem que possam ainda ser inventariados outros motivos não tão estreitamente relacionados com questões laborais. Assim, o decreto de 6 de Janeiro de 1910, que legalizou o direito de greve e de lock-out, mais não foi do que a transformação em situação de direito de uma outra de facto que já vinha do tempo da monarquia(3). Contudo, ao colocar patrões e operários em pé de igualdade, esta medida contribuiu para radicalizar a sociedade, isto não contando com os prejuízos causados pela possibilidade de a produção poder ser paralisada tanto por uns como por outros.

Se antes de 1910 os republicanos conseguiram, pela promessa de resolução de inúmeros problemas, a adesão deste grupo, cedo se verificou um divórcio entre o operariado e a classe burguesa republicana que via no movimento grevista(4) uma investida contra a ordem estabelecida. Esta situação, aliada ao facto de alguns dirigentes sindicais reclamarem para o operariado uma parte da autoria da revolução, conduziu a que este grupo acabasse por se opor ao regime e, frequentes vezes, se associasse a elementos monárquicos e da extrema direita(5).

Foi em parte esta crescente contestação operária, aliada também à incapacidade dos sucessivos governos para encontrarem soluções adequadas, que poderá esclarecer a circunstância de a burguesia industrial, comercial, e agrícola, ultrapassando o plano partidário, se ter organizado, formando associações patronais de que o caso mais paradigmático é, em 1924, a União dos Interesses Económicos.

Nos meios rurais encontramos para além dos pequenos proprietários, e deles pouco se distinguindo, um vasto grupo de camponeses de condição quase servil, e facilmente manipuláveis pelos senhores da terra, pelos caciques e pelo clero rural. Fundamentalmente rendeiros e assalariados, a sua principal preocupação prendia-se com questões de subsistência, se bem que, devido ao aumento dos salários rurais decorrente da emigração, a sua situação tenha conhecido alguma melhoria no primeiro quartel do século XX.


5. O Exército

A evolução da instituição militar durante este período constitui outro elemento importante para a compreensão do 28 de Maio. O primeiro dado relevante prende-se com o facto de a instauração do regime republicano não se ter feito acompanhar de uma renovação significativa dos elementos do exército. A maior parte dos oficiais superiores que serviam no tempo da Monarquia continuaram a servir durante a República.

Com a participação de Portugal na guerra, o exército conheceu não só um considerável aumento de efectivos como também um acréscimo de oficiais que o alimentou com uma importante fatia da pequena e média burguesia. Se no seio dos oficiais superiores predominava o Tradicionalismo, as ideias de direita e do Integralismo Lusitano convocavam muito do oficialato mais jovem.

Por outro lado, além de a conjuntura europeia exibir a formação de governos fortes com origem na intervenção do exército, o crescente papel do exército na manutenção da ordem pública - sobretudo depois da significativa redução dos efectivos da GNR, em 1922 - conferiu aos militares um novo prestígio e legitimidade de intervenção na condução dos acontecimentos políticos, sendo este aspecto bem visível no número de militares que compuseram os ministérios entre o fim da guerra e 1926. Recorde-se ainda que se o golpe dos oficiais conservadores da guarnição de Lisboa de 18 de Abril de 1925 foi o 1º ensaio do 28 de Maio, não é menos certo que a absolvição dos revoltosos da tentativa revolucionária de 19 de Julho do mesmo ano, acrescida da promoção de Mendes Cabeçadas, teve o duplo efeito de desacreditar o regime, por um lado, e, por outro, legitimar a intervenção do exército.

Os acontecimentos de Maio inserem-se, para além de todos os aspectos já apontados, no contexto de uma luta levada a cabo, quer pela esquerda quer pela direita, contra o domínio do Partido Democrático. Tornam-se pois compreensíveis num contexto em que as diversas forças sociais, políticas e intelectuais encaram o exército como um «meio para quebrar a hegemonia do Partido Democrático e permitir novos ordenamentos a nível do poder.»(6). Veja-se a este respeito o apelo à intervenção do exército que, sem receio de fazer perigar o quadro democrático, é feito no jornal A Capital de 27 de Maio de 1926: «A Força Armada foi sempre uma garantia de pureza dos princípios constitucionais. [...] Poderá cometer um excesso de defesa, pretendendo implantar figurinos políticos à semelhança de Itália ou da Espanha, como dizem os que estão presos ao governo pelo cordão umbilical? Não o cremos»(7).

NOTAS:
(1) As promessas de solução dos problemas do operariado urbano e do campesinato permitiram obter um forte apoio popular ao Partido Republicano, facto que permitiu que o 5 de Outubro contasse com a participação desse sector populacional. A este respeito, Miriam Halpern Pereira [Das Revoluções Liberais ao Estado Novo, Lisboa, Editorial Civilização, 1994, p. 208] refere que o partido Republicano foi o primeiro partido burguês que convocou largamente as camadas populares, isto é, um partido de «massas».
(2) Uma parte destes operários agrupava-se, desde 1914, na União Operária Nacional que, a partir de 1919, se transformou na Confederação Geral do Trabalho, seguindo de uma maneira geral uma orientação anarco-sindicalista.
(3) Recorde-se a este respeito que apesar do artº 277 do Código Penal de 1852 punir a greve com pena de prisão e multa, ele foi pouco aplicado.
(4) O número de greves aumentava à medida que cresciam os quantitativos do operariado industrial. Se em 1917 este número rondava os 142600, em 1924 passaria para 217900, maioritariamente distribuídos por Lisboa e Porto. O facto de associarem os seus interesses aos do assalariado urbano, conferia-lhe uma capacidade de pressão considerável.
(5) A. H. de Oliveira Marques, História de Portugal, Vol. III, Lisboa, Palas Editores, 1986, p. 326.
(6) Fernando Pereira Marques, «Do Exército Providencial ao Exército Salazarista», in O Fascismo em Portugal. Actas do Colóquio realizado na Faculdade de Letras de Lisboa em Março de 1980, Lisboa, A Regra do Jogo, 1982, p. 201.
(7) Apud Arnaldo Madureira, O 28 de Maio. Elementos para a sua Compreensão, Vol. I: Na Génese do Estado Novo, Lisboa, Editorial Presença, 1978, pp. 78-79.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fotos da 5ª sessão

sábado, 5 de junho de 2010

Testamento do Buíça



Jorge Guimarães



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Arthur Carlos de Barros Basto

Arthur Carlos de Barros Basto foi um capitão do exército português , convertido ao judaísmo, que na cidade do Porto, esteve entre os que hastearam a bandeira da República no 5 de Outubro de 1910.

Mais tarde, despojado do seu cargo é perseguido pelos seus ideais democráticos e republicanos e pelas suas crenças religiosas. Está a correr uma petição para que este capitão seja reabilitado pela república portuguesa. Era um gesto bonito no centenário na sua implantação, não?

Se concordar pode ir a http://comunidade-israelita-porto.org/ e assinar a petição.

Maria de Fátima Gomes

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Alteração no Programa do Ciclo de Conferências

A conferência de D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e historiador, realizar-se-á no próximo dia 5 de Junho, pelas 17.00, no Auditório Municipal de Gondomar. A conferência prevista para o mesmo dia do historiador Fernando Catroga será cancelada por impedimento do próprio. A organização substituirá esta conferência por outra, em data a indicar.

Belmiro Ribeiro

segunda-feira, 24 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pinturas e desenhos do período da 1ª República



Belmiro Ribeiro

domingo, 16 de maio de 2010

Fotos da 3ª sessão

domingo, 2 de maio de 2010

DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO - II

POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE
(Continuação)
Jorge Gonçalves Guimarães
3. Economia

Em termos económicos, a agricultura era, nesta altura, a principal actividade. Dada a desproporção entre a produção, sobretudo cerealífera, e o consumo(1) , que constituiu a principal preocupação dos pensadores económicos e dos políticos, foi, desde cedo, necessário o recurso à importação de cereais, prática que nos anos de guerra, devido em última análise às dificuldades de transporte, conheceu algumas dificuldades que fizeram com que algumas cidades conhecessem a ameaça da fome, sendo certo que a este facto também não foram alheias as más colheitas. No pós-guerra os governos chegaram mesmo a importar cereais que eram vendidos aos panificadores a preço inferior ao de custo.
Assim, vários foram os economistas e os políticos que, sobretudo depois da guerra, se debruçaram sobre a questão da agricultura, reconhecendo todos que a necessidade de aumento da produção e da fixação da população nos campos passava por uma reflexão em torno do regime de propriedade (2) . De entre todos salienta-se Ezequiel de Campos que, durante o governo de José Domingues dos Santos (1925), apresentou, embora não tenha chegado à discussão parlamentar, um projecto de reforma agrária em que era proposta a expropriação de terrenos incultos para que se constituíssem em propriedades familiares que pudessem suprir à sua subsistência desafogada (3) . Contudo nenhum dos governos da Primeira República conseguiu pôr em prática um projecto de reforma agrária, pelo que nem o regime de propriedade nem a produtividade agrícola sofreram qualquer alteração.
A carestia de vida, que tinha sido um importante tema da propaganda republicana e tinha convocado a adesão das classes médias e operárias, foi outra das “batalhas” perdidas. A nova moeda nunca foi estável e a inflação foi, ao longo de todo este período, uma constante, assumindo durante a guerra proporções até então nunca vistas.
As crises internacionais também afectavam o sector financeiro, de tal forma que foram várias as falências bancárias que se registaram nos cinco anos que antecederam o 28 de Maio, muito embora uma boa parte desses bancos tenha surgido das actividades especulativas associadas à guerra. Esta situação levou o governo de José Domingues dos Santos a publicar uma lei de reestruturação do sector bancário que motivou a oposição dos partidos da direita e da alta burguesia. É neste contexto que se enquadra o caso da falsificação das notas de 500$00 de Alves dos Reis, que, apesar de tudo, contribuiu mais para o desprestígio do regime do que para afectar a estrutura financeira do país.
Gradualmente as classes operárias e as classes médias, não vendo melhoradas as suas condições de vida ou goradas as suas expectativas vão-se divorciando do regime republicano para engrossarem os grupos socialistas e anarquistas. Por outro lado, a alta burguesia agrícola, industrial, comercial e financeira, sentindo necessidade de se unir, fundara, em 1924, a União dos Interesses Económicos (4) que, em linhas gerais, reclama contra a política tributária, o excessivo estatismo da economia e a falta de proteccionismo da indústria e da agricultura, ao mesmo tempo que propugna um papel mais activo dos interesses patronais na definição das decisões em matéria fiscal, e uma conciliação entre o trabalho e o capital que anunciava já a doutrina corporativa do Estado Novo.
As relações entre o governo e as oposições partidárias ou classistas agravaram-se ainda mais com a chamada “Questão dos Tabacos” (5). Esta questão assumiu tal importância que na Seara Nova, num texto do nº89 de 27/V/26, intitulado «A Crise Política», se escrevia o seguinte: «Parece-nos bem claro o desenlace de semanas seguidas de esterilidade tumultuosa num parlamento já com péssimas tradições: prepara-se, inglória e lastimosamente, mais uma revolução ou pronunciamento, venha da esquerda, da direita, dos partidos ou do exército. Se o governo dominar o movimento (...) impõe-se a dissolução, com eleições tendo por plataforma essencial a questão dos tabacos» (6).

NOTAS:
(1) No primeiro quartel do século XX, apesar da área cultivada não ter sofrido alterações significativas, registou-se um ligeiro aumento da produção de cereais. Contudo, dado o crescimento demográfico e o aumento da concentração populacional, sobretudo na cidade de Lisboa, esse aumento não se revelou suficiente.
(2) Relativamente às características da propriedade nacional, encontramos no Alentejo o predomínio do latifúndio, geralmente subaproveitado. No Norte domina a pequena propriedade que, devido à legislação do século XIX, sofreu um aumento do parcelamento que inviabilizava qualquer tentativa de reforma dos sistemas de produção, pelo que o baixo rendimento constituiu um forte estímulo à emigração. Numa e noutra região a ausência dos proprietários era uma constante.
(3) As propostas de Ezequiel de Campos, que no essencial já aparecem expressas no artigo «O Problema Português», no nº 1 da Seara Nova (15/X/21), seguem de perto as de Basílio Teles que, alguns anos antes, havia já proposto uma modificação da propriedade alentejana, substituindo o latifúndio pela propriedade reduzida com o triplo objectivo de fixar a população, intensificar a produção e criar uma burguesia rural com a consequente diminuição do operariado campesino.
(4) António José Telo (cf. «As Associações Patronais e o Fim da República», AAVV, O Fascismo em Portugal, Lisboa, A Regra do Jogo, 1982, pp.317-340.) refere que os anos de 1916-1917, devido à actividade comercial decorrente da guerra, conheceram o aparecimento de fortunas rápidas e de uma classe de novos ricos que vão engrossar as associações patronais que, ultrapassando as funções de esclarecimento aos sócios em questões legais ou técnicas, passam a ter um papel mais activo na vida política e legislativa do país. Por outro lado, a economia de guerra, que terá também aumentado a frequência de movimentos reivindicativos dos operários, conduziu a necessidade de união e organização dos interesses patronais. Contudo, só a partir de 1923, com o agravamento da política tributária que afectava sobretudo o sector comercial, é que o regime republicano é posto em causa.
(5) Em 30 de Abril de 1926, face ao termo da concessão do monopólio do fabrico dos tabacos, o governo propôs que a actividade fabril e comercial passasse a ser um serviço do Estado. Ainda que 70% dos capitais da Companhia dos Tabacos pertencesse a franceses, a questão acabou por ultrapassar os interesses nacionais privados e directos e generalizou-se dando origem a uma luta que congregou as forças da direita, pugnando pela defesa da livre iniciativa económica, e da esquerda que defendiam que o monopólio estatal contribuiria para aumentar ainda mais a corrupção na administração.
(6) Sottomayor Cardia (Org. de), Seara Nova-Antologia, vol. I: Pela Reforma da República 1921-1926, Lisboa, Seara Nova, 1971, p.221.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Conferência - A literatura e as artes plásticas no período da 1ª República

Considerando o número crescente de participantes, vimo-nos obrigados a solicitar à Câmara Municipal de Amarante um espaço que albergasse todos aqueles que pretendem assistir à próxima conferência “A literatura e as artes plásticas na 1ª República orientada pelos Professores Fernando Guimarães e António Cardoso.

Assim sendo, a conferência, prevista para o Museu Amadeu de Souza Cardoso, realizar-se-á no Auditório da Cozinha dos Frades, contíguo ao museu. Após a conferência, far-se-á como inicialmente previsto, uma visita guiada ao museu orientada pelos conferencistas.

Também nos vimos obrigados a alterar o horário. A conferência terá o seu início às 14.45, dando assim oportunidade aos participantes que decidam ir de manhã, de visitarem a cidade e os seus arredores, com destaque para a casa museu Teixeira Pascoaes.


Belmiro Ribeiro


Apoios:

Câmara Municipal de Amarante


Museu Amadeu de Souza Cardoso


segunda-feira, 26 de abril de 2010

DA I REPÚBLICA AO 28 DE MAIO - I

POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE
Jorge Gonçalves Guimarães

APRESENTAÇÃO
Apresentar um síntese aceitavelmente completa dos principais aspectos da I República seria uma tarefa tão árdua quanto difícil. Contudo, porque um ciclo de conferências como o que agora decorre, deve ser acompanhado de alguns elementos que possam servir de suporte a uma reflexão, decidimos apresentar aqui um texto que, embora mais sucinto que o desejável, dada a vastidão do tema, traça algumas linhas da época que anunciam já o golpe militar de 28 de Maio de 1926, ou, se se preferir por necessidade categorização, que prenunciam o seu insucesso.
Porque, por um lado, o suporte onde apresentamos esta nossa reflexão, fruto apenas de algumas leituras, não torna “simpática” a apresentação de textos extensos, e, por outro, como é consabido por todos quantos nos dedicamos às múltiplas tarefas escolares, é diminuto o tempo de que dispomos, optámos pela sua apresentação periódica, em quatro partes, ao longo das próximas semanas. Depois de uma sumária abertura, bem ao jeito de propositio, a ideologia e o clima de instabilidade política integram este primeiro andamento, a que se seguirão breves considerações sobre a economia. Um esboço do retrato da sociedade da época e da evolução da instituição militar, elemento fundamental para a compreensão do termo da I República, informação as terceira e quarta partes.
No seu conjunto, estes textos são um desenvolvimento de parte de um outro que, há já algum tempo, sob o título «Duas revistas da I República. A Águia e a Seara Nova», apresentámos na revista Brasil Europa–Correspondência Euro-Brasileira .

1. A ABRIR…
O desequilíbrio de forças entre o Poder Executivo e o Legislativo, fazendo com que aquele dependesse das maiorias parlamentares, a dispersão partidária, a presença de forças conservadoras que pretendiam o retorno da monarquia, os movimentos operários e o marasmo económico e financeiro, foram alguns dos aspectos que frequentaram a Primeira República e conduziram à perda das bases sociais que a apoiavam, de tal forma que nem a recuperação económica anunciada em 1925 foi suficiente para suster o descontentamento generalizado. Se as classes médias sofriam com a crise económica e financeira e as elites económicas e intelectuais olhavam o regime parlamentar como fonte de ineficácia legislativa e instabilidade governativa, o operariado, maioritariamente organizado, primeiro na União Operária Nacional e depois na Confederação Geral do Trabalho, não vendo melhoradas as suas condições de vida, desenvolveu, através da acção directa ou do movimento grevista, mecanismos de luta e reivindicação que, se nem sempre foram contra o regime – por terem tido um carácter mais económico e social que político - convocaram uma reacção contra ele por parte dos grupos de direita.
Além da conjuntura política e económica, o exemplo de acções militares em alguns países europeus que estiveram na base de regimes ditatoriais, foi também um elemento motivador para a intervenção de Gomes da Costa a partir de Braga.

2. POLÍTICA E IDEOLOGIA
No plano ideológico-político, o ideário republicano apresentou-se como algo despido de programa definido. Assim o ilustra Oliveira Marques ao afirmar que «a tendência geral era [...] para se conceder à palavra “República” algo de carismático e místico, e para acreditar que bastava a sua proclamação para libertar o País de toda a injustiça e de todos os males»(1) . Ilustrativa deste vazio é circunstância de, como esclarece Fernando Rosas, de o republicanismo ter procurado ser uma «regeneração democratizante dos constitucionalismo bragantino»(2).
O Partido Democrático, que nunca abandonou a designação de Republicano, embora tenha contado com personalidades carismáticas como Elias Garcia, Bernardino Machado, Afonso Costa e António Maria da Silva, era um partido heterogéneo e nunca teve uma direcção efectiva, o que de alguma forma explica o fenómeno das dissidências e a criação, logo a partir de 1911 de partidos subsidiários, sendo que em 1926 se contavam seis partidos (3) cuja origem, directa ou indirecta, se vai encontrar no PRP, isto, não contando os que entretanto se formaram e dissolveram. Estes factos ajudam a perceber a instabilidade política deste período que conheceu oito presidentes da república e quarenta e cinco governos. A este respeito, como destaca Kathleen Schwartzman(4) , se o número de partidos, por si só, não é indicador de instabilidade, já o mesmo não se pode dizer da velocidade de formação e de dissolução partidária que é, sem dúvida, indicadora de uma crise política subjacente. De facto, a constante obstrução parlamentar fazia com que os governos dependessem das maiorias parlamentares, elas próprias obtidas a partir de alianças criadas e quebradas por questões conjunturais ou mesmo pessoais que conduziram à queda de vários governos.
Indicador do clima de instabilidade, é também a formação de grupos paramilitares de voluntários defensores do regime. Reagindo contra as incursões monárquicas de Paiva Couceiro, a permanente agitação social e as lutas entre republicanos, surge, associado ao Partido Democrático e na defesa dos princípios republicanos originais, o grupo da Formiga Branca, que mais tarde foi secundado por outros, de ideologia contrária como é o caso dos Lacraus, marcados por uma ideologia de direita e monárquica, ou a Legião Vermelha, frequentada por extremistas de esquerda.
No campo das ideologias destaca-se desde cedo o aparecimento de grupos, ora antagónicos, ora severamente críticos em relação ao regime ou à prática política. Um deles, o Integralismo Lusitano, surgiu logo após a implantação da República, no meio universitário de Coimbra. Começou por ser um movimento essencialmente doutrinário e literário - ganhando forma com o aparecimento, em 1914, do primeiro número da revista Nação Lusitana, publicação inspirada na Action Française, de inspiração antiliberal e antidemocrática - para rapidamente se transformar num movimento político, conservador e monárquico tradicional, com uma organização própria que, sobretudo a partir de 1917, começa a desempenhar um papel importante na própria política nacional ao qual se associam vários intelectuais e militares. Autodefinia-se da seguinte forma: «nacionalista por princípio, sindicalista (corporativista) por meio, monárquico por conclusão»(5) .
Em 1921 destaca-se o aparecimento da Seara Nova, que se apresentou como a representação do «esforço de alguns intelectuais, alheados dos partidos políticos mas não da vida política, para que se erga, acima do miserável circo onde se debatem os interesses inconfessáveis das clientelas e das oligarquias plutocracias, uma atmosfera mais pura em que se faça ouvir o protesto das mais altivas consciências, e em que se formulem e imponham, por uma propaganda larga e profunda, as reformas necessárias à vida nacional»(6) . Tratava-se de um órgão de intervenção política e cultural onde diversos intelectuais republicanos de esquerda, ainda que não vinculados a qualquer ideologia ou partido, participavam na actividade política, procurando gerar um ambiente de opinião pública que exigisse e apoiasse um largo conjunto de reformas(7).
A não aceitação da instabilidade política do país e do domínio do Partido Democrático levou mesmo, em 1923, a que um grupo de integralistas e seareiros, se unissem na busca de uma solução no grupo Homens Livres, que, apesar de congregar ideologias diferentes, tinha como «denominador comum: a idêntica recusa do statu quo institucional, o repúdio pelo demo-liberalismo, a recusa dum regime de balbúrdia, “plutocracia” e ineficácia governativa»(8) . Um dos seus autores, o integralista Augusto da Costa, caracteriza o estado das coisas da seguinte forma: «[a] ausência de ideal colectivo manifesta-se aberta e claramente na constituição e nas lutas dos partidos políticos[...] Ainda poderia atribuir-lhes algum valor e olhá-los com alguma simpatia , se porventura as lutas dos partidos entre si para a conquista do governo fossem travadas à volta de princípios e ideias e não à volta de individualidades geralmente destituídas tanto de ideias como de princípios. [...] Esta divergência entre a Nação e os partidos, levada para o Parlamento, torna-se incoerente, dispersa, muitas vezes contrária ao interesse nacional. [...]Não há representantes de interesses nacionais: existem apenas representantes dos partidos. Daí a corrupção»(9) .
Para além dos Seareiros e dos Integralistas, a Igreja Católica também desenvolveu uma acção conducente à mobilização dos intelectuais e das massas. Em 1912, o Centro Académico de Democracia Cristã, que havia sido fundado na Universidade de Coimbra em 1901, conheceu uma reorganização sob a direcção de Cerejeira e Salazar que, num discurso proferido naquela cidade, na Conferência de Reabertura, aponta alguns dos problemas da vida social e política do país, fazendo também um apelo unificador: «o democrata-cristão perfeitamente integrado na família, na pátria e na sociedade religiosa, deve ser uma unidade útil, neste momento histórico em que cada indivíduo se esforça por ser uma inutilidade social»(10) . Tratava-se de uma organização de universitários, na sua maioria monárquicos, que, pondo de lado as questões de regime político, pretendiam, como refere Oliveira Marques, formar uma «sociedade social católica baseada nas encíclicas de Leão XIII»(11) , das quais a Rerum Novarum constituía a principal fonte de inspiração(12) .
Combatendo também o anticlericalismo da I República, alguns dos membros do C.A.D.C., defendendo os princípios do Catolicismo Social, formaram, em 1917, em moldes partidários e com carácter nacional, o Centro Católico Português que, logo em1918, conseguiu eleger quatro deputados e um senador. Na tese apresentada ao II Congresso do Centro Católico Português, em 1922, Salazar define-o como «um organismo político para actuar por meios políticos [com vista] à modificação das leis opressivas da Igreja [e dos direitos dos católicos o que o obriga] a intervir no acto eleitoral, a tomar assento nas Câmaras e a desenvolver nelas e fora delas a acção mais enérgica, no sentido de conseguir da maioria a aprovação de medidas favoráveis, e dos governos a manutenção [dos direitos dos católicos]»(13) . Assim, defendia a «obediência aos poderes constituídos [independentemente da] adesão ao regímen»(14) , «a colaboração, pela aceitação e desempenho de cargos públicos»(15) , a união dos católicos ainda que com «sacrifício transitório da sua actividade política partidária ou de regímen, enquanto a questão política não estiver definitivamente resolvida»(16) . Finalmente, ao afirmar «que toda a força política que pretenda desenvolver-se pela representação efectiva de verdadeiros interesses, tem de apoiar-se sobre uma organização não exclusivamente política mas social de profissões e de classes»(17) , estava já a anunciar o modelo de organização corporativa do Estado Novo(18) .
Ainda que não descubra qualquer relação directa entre o CCP e o golpe militar de 28 de Maio, o conservadorismo dos seus membros não terá permanecido indiferente, não sendo de descurar a sua participação governamental, destacando-se a figura de Salazar que, em Julho de 1926, preside à Comissão da Reforma Tributária e em 1928 assume a pasta das finanças.

NOTAS
(1) A. H. de Oliveira Marques, A Primeira República Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1980, p.64.
(2) Fernando Rosas, Lisboa Revolucionária. 1908-1975, Lisboa, Tinta da China, 2010, p. 47.
(3) Partido Radical, Partido da Esquerda Democrática, Partido Democrático (P.R.P.), Acção Republicana, Partido Nacionalista, União Liberal.
(4) Kathleen C. Schwartzman, «Instabilidade Democrática nos Países Semiperiféricos. A Primeira República Portuguesa», in AAVV, O Estado Novo. Das Origens ao Fim da Autarcia. 1926-1959, Vol. I, Lisboa, Fragmentos, 1987, p.150.
(5) A Monarquia, 20 de Abril de 1921, apud Manuel Braga da Cruz, Monárquicos e Republicanos no Estado Novo, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1986, p.23.
(6) Sottomayor Cardia (Org. de), Seara Nova-Antologia, Vol.I: Pela Reforma da República (1) 1921-1926, Lisboa, Seara Nova, 1971, p. 90.
(7) «A Seara Nova Pretende:», in Sottomayor Cardia (Org. de), Seara Nova - Antologia, Vol.I: Pela Reforma da República (I) 1921-1926, Lisboa, Seara Nova, 1971, p. 89.
(8) João Medina, O Pelicano e a Seara. A Revista Homens Livres, Lisboa , Edições António Ramos, 1978, p.11.
(9) Augusto da Costa, «A Crise Portuguesa e a Reacção dos Homens Livres», in João Medina, O Pelicano e a Seara. A Revista Homens Livres, Lisboa , Edições António Ramos, 1978, pp. 57-59.
(10) Oliveira Salazar, «Conferência na Reabertura do C.A.D.C. (1912)», in Manuel Braga da Cruz, (Org. de), António de Oliveira Salazar. Inéditos e Dispersos, Vol. I: Escritos Político-Sociais e Doutrinários (1908-1928), Lisboa, Bertrand Editora, 1997, p. 178.
(11) A. H. de Oliveira Marques, A Primeira República Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 1980, p. 71.
(12) Sublinhado nosso.
(13) Oliveira Salazar, «Centro Católico Português. Princípios e Organização» (Tese apresentada ao II Congresso do Centro Católico Português, 1922) , in Manuel Braga da Cruz, op. cit., p. 278.
(14) Idem, ibidem, p. 255.
(15) Idem, ibidem, p. 256.
(16) Idem, ibidem, p. 271-272.
(17) Idem, ibidem, p. 282.
(18) Recorde-se, em jeito de apontamento, que o corporativismo em Portugal foi definido pelo artº 5º da Constituição de 1933, onde é afirmado expressamente o carácter corporativo da República Portuguesa, ideia que será depois expressa no Estatuto do Trabalho Nacional, muito embora a organização corporativa propriamente dita só tenha surgido em 1956, através da Lei nº 2086, conduzindo dessa forma à criação das primeiras corporações (Lavoura, Transportes e Turismo, Crédito e Seguros e Conservas). Assim, o corporativismo do Estado Novo, que nas palavras de Salazar se pretendia «um corporativismo de associação e não de Estado», acabou por adoptar, na prática, a segunda forma. Com efeito, a Câmara Corporativa, criada em 1933, como órgão consultivo da Assembleia Nacional, portanto com funções legislativas, e que, a partir de 1935, passou também a ser consultada pelo próprio Governo, no âmbito da sua competência legislativa, só conheceu uma orgânica interna definida a partir de 1966. As corporações, elemento fundamental de um regime constitucionalmente definido como corporativo, não só no plano económico, mas também moral e cultural, só foram criadas e viram definidas as suas competências, como se referiu, na década de cinquenta e, apesar de a guerra civil de Espanha e o segundo conflito mundial teram funcionado como entraves ao desenvolvimento corporativo, não esclarecem um tão grande atraso na implementação do sistema, pelo que essa demora só pode ser justificada por uma efectiva intervenção do Estado que, no plano dos princípios, se pretendia apenas supletiva, mas que de facto acabou, em benefício de uma política de condicionamento industrial, por se transformar em centralista e burocrático. Mais, será mesmo em nome desse centralismo e desse dirigismo económico que certas estruturas de tipo corporativo, como os Sindicatos Nacionais e as Casas do Povo, são criados, aqueles constituindo, no fundo, um instrumento de controlo das classes profissionais que viam os seus interesses subordinados ao vago conceito dos interesses superiores da economia nacional, estas, integradas num programa cultural, a que também a política de condicionamento industrial não era alheia, que pretendia criar um paradigma de cultura popular de base nacional.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A "RENASCENÇA PORTUGUESA" E A EDUCAÇÃO

No dia 31 de Outubro de 1912, no Porto, saiu dos prelos a revista A Vida Portuguesa. Propriedade da Renascença Portuguesa, sob a direcção de Jaime Cortesão, tinha como secretário da redacção e administrador Álvaro Pinto e, como editor, Costa Júnior.

A sociedade Renascença Portuguesa havia surgido alguns meses antes pela mão de Jaime Cortesão, Álvaro Pinto, Teixeira de Pascoaes e Leonardo Coimbra, nomes que, referencialmente, encontramos associados à primeira série da revista A Águia. A preocupação deste grupo, tal como foi definida pelo próprio Cortesão, tinha uma dimensão fundamentalmente social e política, procurando fornecer à revolução republicana algo de renovador e fecundo. Conforme é sugerido pelo próprio nome, tratava-se de uma reacção ou renascimento face a uma situação de decadência, uma espécie de recusa perante a forma como eram conduzidos múltiplos aspectos da vida portuguesa, com particular destaque a questão cultural, como é definido no artigo segundo dos seus estatutos: «A Sociedade, tem por fim promover a maior cultura do povo português, por meio da conferência, do manifesto, da revista, do livro, da biblioteca, da escola, etc.».

Com estas curtíssimas linhas pretendemos somente concretizar o convite para que, através do link http://purl.pt/284/3/ , seja visitada a digitalização desta fundamental publicação. Não cabendo aqui a pretensão de inventariar as suas principais linhas editoriais, chamamos todavia a atenção para alguns artigos estreitamente relacionados com o temário da educação, especialmente aqueles que se referem à criação da Universidades Populares.


Inspiradas sobretudo no modelo francês, as Universidades Populares pretendiam fornecer educação ao povo, nomeadamente a todos os que, por necessidade, haviam sido afastados da actividade intelectual e da experiência escolar, se bem que, como bem o atestam as palavras de Cortesão, o objectivo maior fosse, no essencial, a formação de um homem novo: «Temos de entender por Povo todos os portugueses a qualquer classe que pertençam, tenham estes frequentado seja que curso fôr e considerar esse Povo, todo o Portugal, como falho de educação» (A Vida Portuguesa, nº 3, p. 19).

A encerrar este convite, destacamos, em nota de curiosidade, que o próprio Jaime Cortesão, possivelmente com alguma amargura, haveria de lamentar que às sessões da Universidade Popular do Porto apenas afluísse um «público de certa cultura, que não faltaram além de estudantes, professores, médicos, advogados, militares, não falando já do público feminino, também largamente representado» e que as classes populares, melhor dizendo, o operariado, exceptuando apenas as lições de Cristiano Carvalho sobre a Comuna de Paris, pouco as frequentou («A Universidade Popular e o Operariado», in A Vida Portuguesa, nº 19, 1913, p. 145). Com efeito, seriam talvez aquelas as que mais estreitamente se aproximavam dos seus interesses: a questão social e a resolução dos seus problemas económicos.

Com os votos de boa e agradável leitura,
Jorge Gonçalves Guimarães

terça-feira, 20 de abril de 2010

Jornais republicanos

Também disponíveis na Biblioteca Nacional Digital.


Jorge Guimarães

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Manifesto do Partido Republicano - Manifesto do Grupos Anarquistas - A Democracaia e Jesuitismo



Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 - nº6



Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 - nº 5




Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 - nº4





Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Ilustrada - 1917 - nº 3


Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 - nº 2


Jorge Guimarães

Portugal na Guerra - Revista Quinzenal Ilustrada - 1917 nº 1

Partilharei aqui no blogue alguns documentos, de forma
a proporcionar aos formandos um contacto rápido e simples
com alguns documentos referenciais que respeitam ao
período histórico em torno do qual se organiza o ciclo
de conferências. A sua larga maioria pode ser encontrada
na Biblioteca Nacional Digital, na Torre doTombo ou na
Hemeroteca Digital.
Portugal na guerra (2)
View more documents from armi2006.


Jorge Guimarães

domingo, 18 de abril de 2010

Avaliação dos Formandos

Relembra-se que os professores que seguem este ciclo de conferências como Curso de Formação serão avaliados considerando a apresentação de um trabalho individual de reflexão final.


Apresentação Powerpoint da 2ª conferência

Partilha-se a apresentação powerpoint da 2ª conferência "A República e a Educação - princípios e realidades".

sábado, 17 de abril de 2010

Fotos da 2ª conferência - "A República e a Educação - princípios e realidades"

A propósito de Brito Camacho


A propósito de Brito Camacho, não resisti a seguir a mensagem deixada pelo Belmiro Ribeiro, e realmente a personalidade de Brito Camacho parece ter marcado os tempos da Primeira República. Não falta quem lhe reconheça o traço dessa "afabilidade austera", talvez por ser filhos de camponeses humildes, segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, mas também os dotes de um jornalismo de excelência.

Eleito deputado pelo círculo de Beja, nas eleições que se realizaram a 5 de Abril de 1908, falou pela primeira vez na Câmara de Deputados a 9 de Maio, protestando contra o facto de o terem obrigado, como deputado, a jurar ter uma religião que não professava e a ser fiel a uma instituição que combatia;

Desempenhou o papel que a História lhe exigia, no movimento insurreccional, que implantou a República, pois terá sido de enorme importância graças às suas relações com o chefe militar, o almirante Cândido dos Reis, e às amizades que contava entre a oficialidade do Exército e da Armada.

Depois de proclamada a República, continuou a ocupar o seu lugar no Parlamento, eleito pelo círculo de Aljustrel, onde terá nascido a História da Praia. Magnífica aliás, pois revela a tentativa eterna de aproveitamento político e diz-se ainda que Brito Camacho, perguntou maliciosamente se, para além daquilo tudo, não quereriam também uma praia lá para a terra. A comissão de notáveis, empolgada com a abertura do governante, ripostou de imediato: “arranje então lá a água, que a areia arranjamos nós! “.Extraordinário. (in Alentejananto.weblog)


A imagem não é obviamente de Messejana, mas antes Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil.

Bom fim-de-semana


Armando Oliveira

Imagens das primeiras décadas no flickr

A Internet tem destas coisas, permite o impensável há uns anos. O repositório de imagens de grande qualidade e úteis em variadíssimos contextos. Falo do Flickr, um site da web de alojamento e partilha de imagens fotográficas (e eventualmente de outros tipos de documentos gráficos, como desenhos e ilustrações), caracterizado também como rede social.

Se andamos à procura de uma imagem, às vezes mesmo uma relíquia, começamos pelo flickr. O Flickr é considerado um dos componentes mais exemplares daquilo que ficou conhecido como Web 2.0, devido ao nível de interactividade permitido aos utilizadores.

Veja-se esta galeria do utilizador Gatochy, com imagens da Ilustração portuguesa mais de 1700 ilustrações.

A apresentação seguinte mostra uma pequeníssima parte da colecção da década de 1910.




Sobre Portugal são 31 álbuns, desde a Ilustração Portuguesa, Portugal na Primeira Guerra Mundial, O século ilustrado, Portugal séc. XX Crónicas em imagens décadas de 1950 e 60, e muito mais.

Claro que para se aproveitar a potencialidade do serviço flickr tem de se estar registado (gratuitamente) e depois é só partilhar. Foi o que fez Belmiro Ribeiro ao enviar-nos estas três imagens que agora partilhamos aqui:


Quem sabe se não ganhamos uns recursos diferentes para as nossas aulas de História.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Histórias da História da Primeira República - Notas de Viagem de Brito Camacho


Lembrei-me deste livro que comprei num alfarrabista, há uns anos largos atrás. São notas de viagem por terras de França de Brito Camacho.

Brito Camacho, republicano de discurso eloquente, era também conhecido por ser um homem austero, alentejano de Messejana, pequena e paupérrima povoação situada perto de Aljustrel.

Conta-se que um dia, alguns seus conterrâneos, sabendo que tinam um ilustre deputado da nação em Lisboa, se encheram de esperança que este pudesse trazer algum desenvolvimento à terra. Um dia, reuniu-se um par de gente humilde escolhida pela aldeia, e deu-se-lhes salvo-conduto para porem pés a caminho e intercederem junto de Brito Camacho .

Este recebeu-os com uma afabilidade austera, como era seu timbre. Findos os cumprimentos da praxe, perguntou-lhes ao que iam e eles, com a vergonha dos homens resignadamente simples, explicaram-lhe a razão da sua presença e de tão longa viagem: Messejana necessitava de se desenvolver, de algo que a diferenciasse das outras terras vizinhas mas para melhor. Brito Camacho ouviu-os atentamente, provavelmente enrolando as pontas do seu bigode, e perguntou-lhes: - Mas afinal o que querem vocês? O que acham que ficava lá bem em Messejana?

As carências eram tantas e afogados por aquela presença que os diminuía ainda mais, balbuciaram: - Vossa Excelência saberá melhor do que nós.

O deputado respondeu de pronto com uma pergunta: - Muito bem, e o que dizem a uma praia igual à de Zambujeira?

Eles entreolharam-se. Eles nem nunca tinham visto o mar mas uma praia igual à de Zambujeira iria transformar completamente a terra! Outras pessoas viriam. Fidalgos talvez. E poderiam pescar, até.

-Pois então porque não? Se V. Ex.ª acha que será bom para nós, só temos de concordar.

Brito Camacho levantou-se e sentenciou: -Pois então vou já tratar de mandar lá pôr uma praia. Dêem a notícia lá na terra e apresentem com os meus cumprimentos a todos.


Quando se despediram, os homens vinham orgulhosos da sua missão. Aljustrel iria roer-se de inveja quando a praia lá chegasse! Foram recebidos em festa e todos queriam saber as novas de Lisboa.

- O Senhor Doutor Brito Camacho vai trazer uma praia para Messejana.

E desde aí, até aos tempos de hoje, muitos são os que passam em Messejana, e conhecedores desta história, param para perguntar: Sabe dizer-me o caminho para a praia de Messejana?




Belmiro Ribeiro

1ª REPÚBLICA - BIBLIOGRAFIA GERAL

Aqui fica a partilha de uma bibliografia geral da 1ª República, da colega Maria de Fátima Gomes.

BAPTISTA , Jacinto, O 5 de Outubro, Círculo de Leitores, 1983.

BARREIRA, Cecília – História das nossas avós: retrato da burguesa em Lisboa 1890-1930, Círculo de leitores, 1992

CABRAL, Manuel Villaverde, Portugal na alvorada do século XX, Forças Sociais, poder crescimento económico de 1890 a 1914, Ed. Presença, Lisboa, 1988.

CATROGA, Fernando & Paulo Archer de CARVALHO, Sociedade e Cultura Portuguesa II, Univ. Aberta, Lisboa 1996.

FRANÇA, José Augusto – A arte em Portugal no século XX, Bertrand, Lisboa 1985.

FRANÇA, José Augusto – A arte e a sociedade portuguesa no século XX (1910-1990), Horizonte, Lisboa 1990.

FRANÇA, José Augusto – Os anos vinte em Portugal, Lisboa 1993.

FRANÇA, José Augusto – (In)definições de cultura: textos de cultura e história, artes e letras, Presença, Lisboa 1997.

MATTOSO, José, História de Portugal, 5º e 6º vol, Círculo de Leitores, 1994
MEDINA, João – História Contemporânea de Portugal, 2 vols., Lisboa 1986.

MENDES, João, Literatura Portuguesa, vol. IV, Ed. Verbo, Lisboa, 1983.

PEREIRA, Paulo (dir), História da Arte Portuguesa, vol. 9, A Ruptura Moderna ( século XX), Círculo de Leitores, Rio de Mouro, 2008.

REGO, Raúl, História da República, Círculo fe Leitores, 1986, 5 vols.

REIS António, (dir), Portugal Contemporâneo, vol. 2 e 3 , Lisboa, Alfa, 1990.

RODRIGUES, Paulo Madeira, Tesouros da caricatura Portuguesa, 1856-1928, Círculo de Leitores, 1979.

ROSAS, Fernando (coord), História da Primeira República Portuguesa, Tinta da China, Lisboa, 2010.

SARAIVA, António José, LOPES, Óscar, História da Literatura Portuguesa, Porto, Porto Editora, 1976.

SERRÃO, Joel, MARQUES, A.H. de Oliveira, (coord), Nova História de Portugal, vol. XI - Portugal - Da Monarquia para a República (coord. A. H. de Oliveira Marques), Editorial Presença, Lisboa, 1991.

SERRÃO, Joel, (dir), Dicionário da História de Portugal, Livraria Figueirinhas, Porto.

VALENTE, Pulido, O poder e o Povo: a Revolução de 1910, Lisboa 1976
VENTURA, António, Os postais da primeira república, Álbuns República, Tinta da China, Lisboa, 2010.

VIEIRA, Joaquim, Portugal Século XX – Crónica em imagens – 1910-1920 e 1920-30 , 2 vols, Círculo de Leitores, 1999.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PORQUE VENCEU E PORQUE SE PERDEU A I REPÚBLICA - APRECIAÇÃO PESSOAL


Fernando Rosas brindou-nos com a sua presença plena de sabedoria empática , respeito pelo outro e afirmação da sua própria experiência, três ingredientes que nos fizeram crescer no dia 10 de Abril nos (Re) Encontros com a República, organizados pelo Centro de Formação Júlio Resende, no Auditório de Gondomar.

Segundo Fernando Rosas, a vitória da 1ª República deve ser analisada no contexto de modernização portuguesa e europeia que marca o final do século XIX, num plano político internacional caracterizado pelo sistema liberal oligárquico, subsidiário das revoluções liberais, que começa a entrar em crise, já que o quadro geral é de mudança.

A industrialização do século XIX leva o operariado às cidades que se constituem em massas reivindicativas sem direito a voto. Estes, em larga maioria muitos analfabetos, constituem as primeiras associações de classe e integram o recém-formado Partido Socialista.

Ao mesmo tempo a terciarização da vida urbana, com a criação de bancos, seguradoras, empresas de import-export, das novas indústrias de ponta: a construção civil, os transportes urbanos, os telefones, o telégrafo, a iluminação pública, o gás de cidade, dá origem a todo um conjunto de categorias sócio profissionais novas. Esta classe média urbana, onde aparecem a diversificar o tecido social, os engenheiros, arquitectos, médicos, empregados de escritório e amanuenses, mas também caixeiros, marçanos, moços de recados, pequenos funcionários e modestos empregados, vendedores ambulantes, sargentos e cabos das Forças Armadas que pouco se distinguem dos operários, requerem um novo estatuto político.

O rotativismo entre o partido regenerador e o progressista, com o rei a deter o poder moderador não responde às aspirações mais prementes desta massa social.

Em 1876, num jantar, constitui-se o Partido Republicano, que vem, depois, a formalizar-se em 1881, agregando um grande número deste bloco social de classe média e operariado descontente.
Com efeito, o sistema monárquico não responde a esta nova realidade, onde só votam os homens que sabem ler e escrever e os que pagam censo, logo, apenas, os proprietários.

Na verdade, o exército que se dispersa às primeiras horas da revolução é constituído por este grupo social, ao contrário da Marinha que é mais ilustrada e próxima dos ideais do operariado.

O Partido Republicano agrega diversas tendências - apresenta três vértices – a corrente legalista, reformista.; uma outra ala que apoia e organiza a Revolução – a Carbonária, ramo popular da Maçonaria, e esta mesma, uma associação discreta, formada por grupos mais ilustrados.

Efectivamente a Carbonária, fundada em 1895 é a ala plebeia da Maçonaria. Tem origem italiana, e chamam-se, uns aos outros “bons primos”; os irmãos eram os “rachadores” .

É a Carbonária que se impõe como organizadora da revolução.. Na Margem Sul, declarou-se a República logo no dia 4. Na cintura de Lisboa, a Carbonária toma o poder de véspera, sem nenhuma dificuldade. Em Lisboa é que há resistência, já que é onde está o rei e as Forças Armadas. É a esta organização que obriga o Partido Republicano a ir para a revolução! É a Carbonária que pressiona o directório.

A Carbonária alcançara, em Junho, o aval da direcção da Maçonaria, a qual nomeou, em meados do mês, uma comissão de resistência a que pertenciam José de Castro (grão-mestre-adjunto), Miguel Bombarda, Machado dos Santos, Francisco Grandela. Esta comissão agrega dois membros do directório: António José de Almeida e Cândido dos Reis. António Maria da Silva, mais tarde.
O directório do PRP deu luz verde à insurreição a 25 de Setembro, ficando Cândido dos Reis como comandante chefe da revolução.

No entanto, Miguel Bombarda foi assassinado fortuitamente a 3 de Outubro, o que desmobilizou a organização, já que estava tudo marcado para a madrugada do dia 4/5 de Outubro, quando fosse disparada uma salva dos cruzadores ancorados no Tejo.

Machado dos Santos sem saber de nada, vai de eléctrico, todo engalanado, continuar com o plano inicial: tomar a Infantaria 16 à uma da madrugada e dirigir-se para a Artilharia 1, juntando-se ao capitão Palla que, também dominava o quartel. Para aqui também se deslocou o capitão Sá Cardoso, às ordens de Cândido dos Reis.

Os dois capitães, pensando que os outros quartéis também estavam amotinados (Infantaria 2; Caçadores 2, Infantaria 5, Caçadores 5) organizaram duas colunas para tomar o Palácio das Necessidades, onde se encontrava o Rei e o Quartel do Carmo. No entanto, em breve, se dão conta que estão sozinhos e perseguidos por forças monárquicas. O plano fracassara no que respeita ao exército.

No entanto, tinham acontecido levantamentos no quartel de marinheiros e em dois cruzadores, o Adamastor e o São Rafael. Mas Cândido dos Reis não conseguira embarcar para bordo do D. Carlos, o navio-almirante, e desta forma não conseguiu dar o sinal combinado à hora marcada, 3 horas da madrugada. Convencido do fracasso da revolução, Cândido dos Reis suicida-se.

Mas, a resistência continua no quartel-general na redacção da Luta. Entretanto, as duas colunas de Palla e Sá Carneiro, impossibilitadas de avançar para os seus objectivos, convergem para o Rato e são forçadas a subir até à Rotunda, onde se encontra com a pequena força de Machado dos Santos.

Às 5 da madrugada está aí entrincheirado o que resta do exército insurrecto.

Quando chega a notícia do suicídio de Cândido dos Reis, Sá Cardoso convoca um Conselho de oficiais e retira-se, com a maioria. Fica, apenas, Machado dos Santos com alguns sargentos e cadetes. Na verdade, segundo Pulido Valente, só ele como membro da direcção da Carbonária teria noção da força dos seus efectivos. São estes membros que ao longo da manhã evitam o estrangulamento da insurreição e estabelecem as comunicações com o Quartel de Marinheiros e a Artilharia 1. Isto permite que ao longo do dia 4 civis e militares rebeldes, fundamentalmente soldados e militares de baixa patente ou alunos da escola do Exército dêem luta. Na tarde desse dia, as forças monárquicas a ocupar o Rossio hesitam antes de atacar a Rotunda. O fogo da Rotunda, cruzado com o da Artilharia 1 explica que tal ataque não tenha resultado. Depois de um reforço no quartel de munições, dirigindo-se ao Terreiro do Paço, ocupam posições nas costas do exército monárquico. A iminência de um desembarque em massa, inverteu as posições. O rei fugiu de Lisboa para Mafra e daqui para a Ericeira e depois para Gibraltar e Inglaterra.

Às 22 horas, o próprio navio D. Carlos cai nas mãos dos republicanos.

Ao longo da madrugada as forças monárquicas vão-se rendendo.

Às 8 da manhã, a população ao ver a bandeira branca hasteada no Rossio, interpreta mal o seu significado, crê consumada a capitulação monárquica e invade toda a baixa lisboeta, inviabilizando qualquer reacção. A artilharia monárquica mostrou-se inoperante. Apenas, Paiva Couceiro resistiu e procurou desalojar, em vão, os homens da Rotunda.

Na província, como previra João Chagas, a República, foi implantada por telégrafo. Não se registou resistência significativa.

Se a proclamação da República foi fácil, não o foi a democratização do sistema político, nem a resolução da questão social, o que levou ao descontentamento e ao descrédito da classe política, começando a vingar a crença que só um governo forte e monolítico salvaria a situação.
Efectivamente, a República comete quatro erros fatais:

1 – A questão política e institucional – reproduz as questões monárquicas; a não democratização do sistema político, a não criação do sufrágio universal, a mão concessão de voto aos analfabetos (com a justificação de que a ruralidade seria mais permeável ao caciquismo dos políticos); a não concessão do voto às mulheres, (com a justificação de que o mulherio seria mais permeável ao caciquismo dos padres).

2 – A Igreja era o esteio ideológico do antigo regime, mas a Lei da Separação da Igreja do Estado, sobretudo a expropriação exagerada e a intrusão nas nomeações dos cargos religiosos e publicações e a supressão de práticas populares vão ser uma grande machada de impopularidade, mobilizando o mundo rural contra a República.

3 – A traição das promessas feitas ao movimentos operário. Afonso Costa era conhecido como “racha-sindicalistas”. A regulamentação da Lei da greve que não permitia os piquetes e simultaneamente, permitia o lock-out. Por fim, a inauguração de alguns métodos repressivos, depois retomados pelo Estado Novo, como a perseguição e deportação de activistas sindicais; a supressão e jornais, enquanto a Lei das oito horas de trabalho; dos Seguros Sociais e dos Bairros operários não foram conseguidos.

4- A espantosa aventura da participação de Portugal na 1ª Grande Guerra que criou a impopularidade na população sujeita à incompreensão da necessidade da sua participação numa guerra que não era sua; a crise económica consequente, a fome e a doença.

No entanto, a 1ª República deixou uma esperança de liberdade e de modernização económica, social e das instituições. É evidente que uma esperança , em larga medida por cumprir. Deixou-nos a herança da Revolução Francesa, da igualdade, da fraternidade e da democracia. Estes valores republicanos foram restituídos pela Revolução do 25 de Abril, com um novo impulso e uma nova vida. Nesse sentido, a 1ªRepública é um começo com o qual temos de aprender.

No entanto, o momento que mais me marcou na conferência foi, sem dúvida, aquele em que o historiador faz a leitura da sua própria história pessoal, ouvida à mesa, contada pelo avô, que lhe falava das “formigas”, os conspiradores, designação que ele nem ousava perguntar o significado, ou então a sua participação, ainda no Liceu, na 1ª manifestação contra a ditadura, em que se gritava “viva a república!” É a” história ao vivo”, “que faz doer”, no dizer de Marc Ferro, agora já caldeada pelo tempo que lhe deu a dimensão de necessidade de resistir e arvorar os ideais democráticos!

Maria de Fátima Gomes

Apresentação do Blog

Um Blog bem apresentado, com recurso a documentos inéditos, com a informação essencial para os participantes da acção e dos interessados por estes temas.
Esperemos que o Blog seja visitado pela comunidade educativa do nosso concelho e pelos curiosos da Web em geral.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Hino - A Portuguesa

A Portuguesa

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!



Hino Nacional

Os antecedentes Históricos do Hino

Filme inédito no centenário do Regicídio

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Reencontros com a República


A actividade do nosso Centro de Formação tem procurado pautar-se pela busca colectiva de sentidos diversos e diversificados para a formação contínua de professores. Sentidos que procurem novo conhecimento, que envolvam diversos formatos e interlocutores e que conjuguem as necessidades e o esforço de toda a comunidade educativa gondomarense que servimos. É neste sentido que temos vindo a constituir Grupos Consultivos de Docentes das diversas áreas disciplinares.


O Ciclo de Conferências “[Re]Encontros com a República” surge como o primeiro produto de um trabalho verdadeiramente cooperativo do Grupo Consultivo de História do Centro de Formação Júlio Resende, formado pelos docentes Maria de Fátima Gomes, da Escola Básica de Gondomar, Jorge Guimarães da Escola Básica de Rio Tinto, Antonino Jorge e Alberto Figueiredo da Escola Secundária de Rio Tinto e Armando Oliveira da Escola Secundária de S. Pedro da Cova. Este grupo surgiu de forma quase espontânea - através do nosso convite pessoal ou por indicação das suas próprias escolas em que foi tido em conta o reconhecimento profissional e pessoal de cada um. Unia-os o devotado interesse pelo conhecimento e pela cultura e a ideia de construir formas complementares de formação contínua. Este grupo é a prova do que amiúde vamos afirmando: Gondomar tem um capital humano e uma massa crítica que permite termos a veleidade de construir grandes acontecimentos ao nível da educação.

“[Re]Encontros com a República” é um Ciclo de reflexões e aprofundamento do nosso conhecimento sobre o período da 1ª República. Um período da nossa História que permaneceu, durante muitos anos, encoberto por um manto de esquecimento forçado - a História de Portugal parecia ter acabado na monarquia e a 1ª República aparentemente só servia para justificar o aparecimento do Estado Novo que tinha vindo pôr ordem na desordem republicana. Era como se a partir daí a República tivesse acabado. E, na verdade, os princípios de liberdade e igualdade da República, tal como foram proclamados em 5 de Outubro de 1910, passaram a ser esquecidos e reprimidos até ao dia 25 de Abril de 1974. Cuidamos nós, cidadãos com responsabilidade cívica, que se mantenham vivos esses princípios inspirados na Revolução Francesa, nos movimentos liberais e que se orientavam para objectivos de alargamento das liberdades, da eliminação de privilégios e da instauração de maior justiça social. As ideias claras que possamos ter sobre o nosso passado, ser-nos-ão sempre extremamente valiosas para analisarmos o presente e acautelarmos o futuro.

A escolha do grande tema para este Ciclo de Conferências justifica-se, quer pelo apelo das comemorações nacionais da implementação da República quer pela constatação da maior dificuldade na abordagem da História Contemporânea e da História Local no seio escolar. Foi a partir daí que este grupo elencou um conjunto de temas fortes ligados à 1ª República, para os quais convidou especialistas que nos garantirão um excelente painel de oradores ao longo destas nove conferências (o que nos deixa compreensivelmente orgulhosos).

Fotos da sessão de abertura da primeira conferência "Porque se venceu e porque se perdeu a I República"